sábado, 15 de julho de 2017

MONSTRO DA IGNORÂNCIA


“O Rumor é uma gaita assoprada pela desconfiança, pela inveja, pelas conjecturas; é de tão fácil e simples dedilhar, que o bronco monstro das inúmeras cabeças, a multidão, sempre inconstante e volúvel, a pode facilmente tocar.”

William Shakespeare

Nos lupanares da insignificância
Recolhe-se demente e satisfeito
O depravado monstro da ignorância
Sobre a carniça dum promíscuo leito;

Amortalhando o pensamento estreito,
Em que ao mais leve sopro de inconstância,
Esquece com prazer o que está feito
Nas ondas da soberba e da arrogância!

E como se esculhambam de repente
As excelências das ações mais puras
Na boca atroz da multidão que mente:

O certo é não ouvir seus tons mordazes,
Pois fodem o melhor das criaturas

Co’a fria insensatez de suas frases!


David Moura   

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